Pular para o conteúdo principal

O OVA DE LÚCIFER

Além do próprio lúcifer, assim como seus anjos da morte (que tiveram seus nomes “retirados” diretamente da demonologia) há também uma pequena menção ao Arcanjo Miguel que o deteve através dos tempos, assim como nas Escrituras:

APOCALIPSE 12:7 ao 9 – Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. (Almeida Revista Atualizada)


O OVA DE LÚCIFER


Acho que antes de prosseguirmos neste assunto seria adequado uma breve pausa para entender melhor “quem” é lúcifer fora de CDZ: diferente da crença popular, lúcifer não é um nome próprio, mas uma espécie de título atribuído a este demônio e que surgiu quando as Escrituras foram traduzidas para o Latim, onde a palavra lúcifer era empregada de acordo com sentido que queriam passar os textos quando diziam: “portador da luz, resplandecente, luminoso, estrela da manhã”, entre outras variações. Esta palavra nas futuras traduções do Latim para os demais idiomas acabou se tornando uma espécie de “apelido”, o qual se refere a aquele que estava portando a luz naquele momento específico da narração. Durante a criação do universo e do homem, o portador da luz era o mais belo e inteligente querubim (classe elevada de anjo), o porta-voz de Deus, “ele era lúcifer”, ou seja, “era o portador da luz”, ou ainda, a “estrela da manhã”. Veja neste exemplo, onde no texto Bíblico podemos encontrar a palavra lúcifer:

ISAÍAS 14:12 – Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! (Almeida Corrigida Fiel)


Agora compare com esta outra versão da tradução, onde a palavra fora substituída por um de seus significados (dependendo do contexto):

ISAÍAS 14:12 – Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! (Almeida Corrigida e Revista 1969)

Esta é a origem da confusão (quanto ao nome, mas não quanto a “pessoa”) que vem sendo passada adiante a muito tempo, mas veja que em outros momentos das escrituras este título é empregado para outros “personagens”:

APOCALIPSE 2:27 e 28 – E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai. E dar-lhe-ei a estrela da manhã. (Almeida Corrigida Fiel)

O próprio Jesus é chamado de “Estrela da Manhã”:

APOCALIPSE 22:16 – Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas: eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã. (Almeida Corrigida Fiel)

Então NÃO, lúcifer não o nome próprio de Satanás (Hasatan, o adversário) porém, em determinado momento ele fora sim o “portador da luz” (lúcifer, em Latim), mas a veio cair deste posto por sua arrogância, “perdendo também a posse da luz”. É certo que há alguns movimentos religiosos que são contra o emprego do título lúcifer, aludindo também a outro apelido do mesmo, diabo, que vem do grego “diabolus”, significaria (aproximadamente) algo como “atirado dos céus”. Na MINHA opinião, não creio que se deva combater tão ferrenhamente estas “adaptações” que, no fim das contas, são apenas traduções, da mesma forma que, quando tentamos verter a palavra “demônio” para o Inglês, chegamos ao resultado “devil”, assim também no passado houve estas mesmas tentativas de traduções, acho que o mais adequado seria meramente apontar tais palavras como são, “apelidos” dados pelos homens ao longo do tempo. Há diversos outros motivos, pelos quais esta confusão foi disseminada, mas teríamos de entrar ainda mais em questões históricas e/ou teológicas e este não é o foco desta edição, acho que o suficiente já foi dito sobre o assunto. Ainda assim, na cultura pop e na percepção de muitos, lúcifer continuará sendo seu nome… sigamos nossa jornada.


Depois de termos nos aventurado pelo inferno, aquele lugar desagradável e também (agora a pouco) por um pouco de “teologia”, é hora de voltar a falar de Cavaleiros do Zodíaco, faremos então uma parada no OVA de Lúcifer, intitulado A BATALHA FINAL. Algo bem relevante para nosso contexto atual é o fato de que, mesmo não fazendo parte da linha do tempo oficial do anime, o roteiro deste filme foi escrito pelo próprio Massami Kurumada… mas será que isso é algo bom?
Bem, eu não sei ao certo se é bom ou ruim, se por um lado enfatiza ainda mais o que temos dito, que Kurumada é um grande fã da literatura ocidental Cristã, por outro ao vermos Poseidon MORTO E NO INFERNO durante o OVA…
Outra contradição visível é o fato do Hipermito apresentar os deuses como humanos antes de se tornarem deuses, mas durante o mangá o próprio Hades, por exemplo, mostra ter um grande amor por seu “corpo divino” nascido da relação de Cronos e Rea, de modo que nos perguntamos qual o “conceito de humanos” usado nesta narrativa?
Além do próprio lúcifer, assim como seus anjos da morte (que tiveram seus nomes “retirados” diretamente da demonologia) há também uma pequena menção ao Arcanjo Miguel que o deteve através dos tempos, assim como nas Escrituras:

APOCALIPSE 12:7 ao 9 – Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. (Almeida Revista Atualizada)

Será que se poderia dizer então que “a Bíblia também é canônica dentro do universo de CDZ”?
Isto é, os eventos narrados nela são fatos no universo do anime/mangá?
Poderia ser uma evidência disso a cena em que as vozes de Athena e lúcifer citam juntos (como se fosse um debate) o seguinte trecho Bíblico (embora adapte um pouco para melhor se encaixar no filme):

ISAÍAS 14: 12 ao 15 – Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. (Almeida Corrigida Fiel)

Numa revisão futura (lançada em 2001) do texto do Hipermito, algumas passagens foram cortadas, o que pode nos sugerir que foram “descanonizadas”. O mais interessante é que justamente o trecho que se referia a Chronos como “deus criador” fora um dos pontos removidos. Será que, após a inclusão do Cristianismo de forma “mais presente” na obra, por meio deste OVA em especial, o título de criador tenha sido revogado do deus “fictício” Chronos e passado diretamente para o Deus Cristão, Jeová?
Talvez seja por esse caminho mesmo, embora o anime tente misturar todas as demais mitologias ao tema, por exemplo: em vez de apenas o arcanjo Miguel e seus “guerreiros” terem lutado contra satanás, no anime é citada também a presença de Athena e de Marici, a deusa budista/hindu da luz durante os combates.
Existem linhas de pensamento que dizem que, com o cruzamento da demonologia com as variadas mitologias, chega-se a interpretação de que muitos dos deuses antigos eram apenas outras “apresentações” dos mesmos demônios e/ou anjos caídos da religião Judaico-Cristã (isto é, levando-se em conta as traduções/significados de seus nomes nos diversos idiomas), poderíamos então traçar também uma linha de pensamento em que Athena e a deusa hindu citada (assim como alguns outros deuses) fossem, na verdade, (vistos como) anjos em determinadas culturas dentro do anime, ou mesmo, o contrário?
Seriam os “deuses malignos” então os anjos caídos?


Hyoga disse:

Ele foi punido por todos os deuses, sendo mandado ao inferno para sempre.

APOCALIPSE 12:7 ao 9 – Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. (Almeida Revista Atualizada)

Certamente é um exercício a imaginação tentar encontrar uma harmonia/teoria que ligue todos os pontos, mas a única conclusão a que podemos chegar é que o roteiro de CDZ acumulou muitos furos ao longo do tempo… Isso também não é nenhum defeito na verdade, Kurumada escreveu seu mangá clássico entre 1986 e 1990, o Hipermito em 1988, o roteiro para A BATALHA FINAL em 1998, participou da produção do PRÓLOGO DO CÉU em 2004 e deu início a NEXT DIMENSION em 2006, e isso tudo apenas para citar seus trabalhos com relação a linha principal de Saint Seiya, com tantos novos “capítulos” é natural que os detalhes sejam alterados a fim de TENTAR gerar uma continuidade maior, o que acaba (como efeito colateral) deixando os fãs um pouco perdidos, mas não há nada de errado nisso, na verdade, é um processo natural de todo “escritor”. No caso de um anime, também existe a interferência direta da empresa que detêm os direitos da obra, outros diretores e tudo mais, acho que é até impossível aspirar uma perfeição entre os “relatos antigos/mitológicos” que circulam dentro da maioria dos universos ficcionais, porque tal qual a realidade, há divergência de fontes, se isso é intencional ou furo (É UM FURO!!!) cabe a você, leitor(a) decidir.
Seria mesmo “culpa” do próprio Kurumada a presença de Poseidon no inferno? Será que não faria muito mais sentido a presença de Hades morto em seu lugar?
Isso também resolveria o problema de “tirar os cavaleiros de ouro de cena” já que estariam mortos. Mas como a saga de Hades ainda não havia sido animada a Toei pode ter pensado que o público não conheceria aquele deus, “ordenando” substituição para Poseidon, um personagem já conhecido nas animações.
Curiosamente existem boatos de que a dublagem francesa teria dito que Hades foi o responsável por encarcerar lúcifer, poderia ser alguma confusão com os nomes em Hebraico para o inferno, hades e sheol?

Existem também teorias que afirmam que o décimo terceiro cavaleiro de ouro em Next Dimencion, Odisseu de Serpentário, poderia ser a reencarnação de lúcifer ou uma possessão. Já que tanto sua aparência, quanto suas ações lembram em muito o comportamento de Satanás. Vendo que a obra se passa após a saga de Hades, mesmo se tratando de uma viagem no tempo, ainda assim, seria uma bela amarração que, a morte de Hades tenha culminado na libertação do anjo que estava, de fato, preso no Cócito.


Se desejar, apoie nosso modesto trabalho através da plataforma APOI.SE, clique neste 
> LINK < e veja todos os detalhes sobre a campanha e recompensas. Agradecemos pelo interesse em saber mais e por qualquer possível apoio.

Comentários

RECOMENDADOS:

FÃ-FILMES DE STAR WARS MELHORES QUE A TRILOGIA DISNEY!

Direto ao ponto: estou lhes trazendo recomendações de fã-filmes baseados no universo de Star mas, como ressaltado, trata-se de filmes produzidos por fãs e, ainda que alguns deles tenham um boa qualidade, não deixam de ser o que são, fã-filmes! Em 4° lugar: STAR WARS THREADS OF DESTINY "Feito na Suécia em um único notebook (e dá pra ver muito bem as arestas dos recortes de cromakie!), o filme levou 9 anos para ser feito. Se passando 100 anos depois de Episódio VI (como se trata de uma produção anterior ao universo Disney, segue-se a linha criada nas HQs, em que Luck reestabeleceu com sucesso a ordem Jedi) é certamente um "esforço admirável"! Em 3° lugar: DARK JEDI -A STAR WARS HISTORY Este é um curta de apenas 5 minutos que mostra a fuga de um Jedi que está começando a sangrar seu sabre de luz. O que realmente me chamou a atenção neste filme foi a excelente coreografia do combate, muito melhor que alguns atores dos filmes oficiais! Em 2° lugar: STAR WARS DATH MAUL: APRENT

O INFERNO EM CDZ

Conceitos e referências religiosas dentro de Saint Seiya são, ao mesmo tempo, muito mais diversos, profundos e contraditórios do que você pode imaginar, se por um lado é comprovado que existe a reencarnação, o que possibilita que os cavaleiros de Athena sempre a acompanhem, também existe um conceito de céu e inferno bastante semelhantes aos do Cristianismo na obra, principalmente no caso do inferno. Trataremos neste número de como certos clássicos da literatura ocidental têm influenciado diretamente os animes, em especial, CDZ (Saint Seiya). Esta influência a que me refiro não está apenas no que diz respeito ao tema central, ou seja, a mitologia Grega, mas também há muito do Cristianismo, sobretudo na mitologia fundamental da obra em si, descrita no Hipermito, que nada mais é do que uma seção dentro do livro “Special Cosmo”, lançado em 1988 (muito embora uma segunda edição tenha sido lançada cortando vários pontos, isto é, em relação a anterior) pela Shueisha com participação e aprovaç